domingo, 4 de dezembro de 2011


O celular vibrou em cima da cama, já passava das duas da manhã, olhei a tela e notei que era de um número desconhecido. Atendi receosa.
- Alô? - disse, beirando ao tédio.
- Boa noite, moça linda. Como você se chama?
Reconheceria aquela voz em qualquer situação. O que só me fez ter mais raiva.
- O que é? - aumentei o tom de voz.
- É que um primo meu brigou contigo, acho que foi isso? Ele queria te falar umas coisas, mas acho que você não quer falar com ele, então tomei a liberdade de…
- Eu sei que é você, não tem graça.
- Nossas vozes são muito parecidas. Mas deixa eu falar, tá certo? Esse meu primo conheceu uma garota que tinha cara de chata. Parecia que ia dar cortada no primeiro oi. E mesmo assim algo nela o fazia querer ficar perto. E ele acabou descobrindo que essa garota era diferente, sabe? Totalmente diferente de todas as outras. Parece clichê dizer isso, mas não com ela. Até o tom da voz, o modo de falar, e a risada dela era diferente. O problema é que tanto a garota, quanto meu primo, são muito orgulhosos. Se os dois brigam, nenhum vai atrás. Por isso eu tenho que falar em nome desse meu primo, porque ele pode estar morrendo de vontade de falar, mas ele não fala… - eu poderia ver o sorriso que ele estava dando por trás daquele telefone em minha mente - Mas eu realmente acredito que os dois dão certo. Aliás, eu não sei se você notou, mas você é essa garota. E meu primo quer saber se você vai ou não desculpa-lo por ser tão idiota e pisar na bola o tempo todo. Meu primo me contou também que quando se declara pra você, ou você se cala, ou ri nervosamente. Então, será que eu mereço alguma dessas reações?
Fiquei em silêncio por alguns segundos até soltar uma risada nervosa.
- Você é um bobo, meu Deus.
- Seu bobo, pelo menos?
- De quem mais?

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